segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Quem sou eu?

Sempre foi muito claro que ela não era comum. Nada muito forçado, mas consideravelmente diferente. Nada muito interessante, no entanto, ressaltava-se aos olhos. Nada extraordinário; apenas um pouquinho encantador. Um tipo de epifania, um pensamento que pode revolucionar tudo, mas é deixado de lado para que a vida siga sua trajetória reta. Sem muitas curvas, apenas não era reta. Nem reta. Nem curva. Sem forma certa. Nada escultural. Não era branca. E tampouco era preta. Muito menos colorida. Cores demais, são cativantes demais. Não era o caso. Talvez um cinza. Não... cinza não; muito triste. Cor-de-burro-quando-foge! Isso mesmo. Esta era a cor dela. Seu gosto? Nem doce, nem salgado. Não podia ser considerada azeda. Na verdade, às vezes; dependendo da intensidade do sol,que a irritava, ela azedava. Não prestava para ser boa fruta, frutas boas amadurecem e adocicam-se sob o sol. Geralmente o gosto era umami. Exatamente, este gosto que faz parte do nosso paladar e poucos o conhecem ou lhe dão atenção, sequer sabem seu nome; mas ele existe.

Indecisa, bem indecisa. E como se não lhe bastasse a indecisão, era inconstante. E quem gosta de inconstância? Quem aprecia o rápido subir e descer da maré? Receio que poucos ou ninguém. Pouco? Não, ela não apreciava o ‘pouco’. O ‘bastante’ também não lhe agradava. Nem 8 nem 80. Eu diria que talvez 38. Sabe? O suficiente, mas não apenas o suficiente; e sim, um pouco mais que o suficiente, que é para que não lhe falte nada. O cabelo dela era um tanto curto, mas também um tanto comprido. Para poder ter os dois estilos. Estilo? Haha. Que estilo? Ah, o seu próprio. Lógico! O qual você já deve imaginar como é. Era esforçada. Mas como belas tentativas de nada valem, podia ser considerada mediana. Um pouco mais que a média. Seu gosto para música era ‘eclético’. Sabia um pouco de tudo, raramente tudo sobre pouca coisa. Gostava das ciências filosóficas. Seus pensadores favoritos eram Parmênides e Heráclito. E como todo ser humano ela se perguntava “quem sou eu”?

5 comentários:

Wagner Sabbado da Rosa disse...

Algo que flutua, em cima do muro, medíocre? Não sei, é isso. Não sei, é o que ela pode ser. Algo que não se dá resposta mas que alguma coisa faz, pois em teoria tudo que existe é para ter uma função ou explicação. Esse pensamento pode ser questionado, pois dá a idéia de que o ser humano pode explicar tudo e eu não acredito nisso, se os outros animais não fazem isso por que nós teríamos esse poder? Um pouquinho de inteligência a mais não transforma ninguém em Deus ou algo onisciente. Se é para pensar e classificar, eu classifico como uma não sei, mas se é para simplesmente viver eu continuo caminhando, digo, sentado na cadeira me iludindo na internet.

Vinicius disse...

você não parece indesisa... rs

O Antagonista disse...

A foto do template é simplesmente fantástica! Parabéns pelo novo visual!

Valeu.

Silêncio de Chumbo disse...

a indecisão faz parte da vida...

Laísa disse...

Sei que irá parecer um comentário "xulo"...
Mas achei o texto bonitinho!
Não sei exatamente pq... mas gostei da forma como se descreveu! (se eh que vc estava falando de si...)

Abraço.