Faz uns dias eu tenho observado um vizinho meu.
No caminho usual que faço para a faculdade ( Federal de Ciências Médicas, eu tenho que sempre dizer porque foi difícil de passar para lá), eu desço um morrinho cuja a minha direita tem um parque pequeno, com árvores espaçosas, alguns brinquedos e alguns moradores. À minha esquerda a medida que desço tem grama, um viaduto e embaixo deste uma parada de ônibus.
Bom, praticamente todas as mahãs eu faço este trajeto, e observei por umas três vezes que na grama à esquerda tem um cara que fica sentado lendo. Ele usa roupas bem simples, e geralmente está descalso.
Na vez primeira que passei por lá, pensei que poderia ser algum estudante de Filosofia da UFRGS, já que o rapaz era trajado simplóriamente e lia um livro grosso. Outros dias se passaram e eu o via sempre com um livro diferente ( dias não subseqüentes se passaram).
Até que numa manhã de frio eu passei pelo parque, como sempre, e lá o vi: dormindo com os outros moradores do parque.
Pensei que ele deveria ou fazer Filosofia e Assistência Social, o que era pouco provável ou era louco. Não...nenhum nem outro, este leitor ávido de livros de volume considerável é meu vizinho. Sim, ele reside naquele parque. Junto dos que fumam maconha, com o vira-lata que toma sol no meio da calçada sem dar a mínima para os outros mortais, com os balanços e árvores.
Pensei que deveria registrar isto aqui. Um morador de parque que lê. Isso é no mínimo entusiasmante.
terça-feira, setembro 18, 2007
O vizinho culto
Postado por Sibyl às 20:11
Marcadores: surpresas da rotina
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3 comentários:
Nenhum ladrão no mundo pode nos roubar a vontade de ser mais. Nenhum ladrão no mundo pode nos roubar a cultura. Somos livres em pensamento e o corpo nada mais é que uma casca quando sonhamos.
Saber disso é no mínimo inspirador.
Abraço.
É entusiasmante e deprimente.
A grande maioria da classe-média brasileira não lê, não ajuda os pobres e vão à Igreja Universal. Sim, é horrível.
E o cara do parque vai fazer o que com a cultura dele?
Eu daria um emprego a ele se eu tinvesse como.
bjos.
É uma cena curiosa.....
mas isso serve pra ver que cada um aproveita as oportunidades que aparecem de um jeito.
Como o Daniel disse, muita gente que tem condições de comprar vários livros e tal e não dão a mínima... Enquanto esse seu vizinho aproveita pra ler os livros que ele pode.
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