segunda-feira, julho 02, 2007

Certa por linhas tortas.

Nem todos nós temos a chance de viver o suficiente com quem gostamos ou pensamos que poderíamos gostar. Eu, por exemplo, tenho certeza que me daria muito bem com um tio meu que faleceu antes de eu nascer. Sei disso porque ele gostava de Stones e Pink Floyd e também porque ele se matou por amor (não penso nesta hipótese para mim). Gostaria de saber se foi dele a melancolia e romantismo exvessivo que herdei.

Mas talvez eu só pense que me daria bem com ele porque certamente aminha família só fala coisas boas sobre ele. Será que é isso que fica quando morremos? As coisas boas? Não sei muito bem o que falaríam d e mim post mortem. Algumas coisas eu tenho certeza, do tipo que eu deveria ter aproveitado mais a vida e estudado menos. Este pensamento tem me assombrado nos últimos dias. Eu estudo tanto mas ainda não tirei nem um 9 neste semestre e como se não bastasse, peguei exame em duas disciplinas ( por enquanto). Não me divirto em festa alguma há mais de cinco meses, na verdade já perdi a conta , mas faz mais que cinco meses. Não tenho mais coragem de sair sozinha como antes, não sei se chamo a isto de coragem ou inconseqüência.

De certa forma, a solidão me amedronta e aprisiona. Deprime e vicia as pessoas de uma tal maneira que estas não apenas se sentem sós, como temem deixar a solidão, que é a sua compania certa. Ela é a compania : que te afaga quando seus queridos e amores se vão, que te abraça quando seus sonhos se destroem e que te beija quando à noite deliras por alguém que te ame. Ela é a certeza quando tudo é incerto e assustador, é o anjo que rufla as asas e te abraça cada vez que acordas de um sonho bom. Mas acho hipócrita o fato de no fim da vida nem a própria Solidão estar só.

Eu não entendo porque me entusiamso tanto para escrever sobre coisas tristes e verídicas; não era pra ter escrito tanto, mas...

Do que eu falava? Ah, sim! Sobre os estudos... Bom, os estudos... Já viram aquela propaganda de uma flautista? Aparece uma menina tocando flauta, e ao lado dela uma mulher falando com ela mas a garota não pode ouvir. A mulher é a menina no futuro, e fala para a guria que cada festinha que ela perdeu valeu a pena, que os amigos dela muitas vezes ficaram brabos com esta persistência toda e por ela nem sempre fazer tudo com eles. Mas quando ela crescer ela vai ver que tudo valeu a pena. Que ela pode não ter ido nas festas, mas visitará lugares maravilhosos e viajará muito e será uma grande flautista.

Não sei se eu deveria acreditar muito em destino. Sempre achei um pensamento conformista demais... Mas quando eu estava sentada no sofá sábado, deprimida pensando para onde porderia ter ido aquela garota destemida e inconseqüente dos meus 13 anos. Onde será que ela se alojou? Eu estava realmente entristecida por querer sair e ter que estudar, por nao ter faltado a tantas aulas quanto eu quis e ter ido a uma cafeteria, por nao me permitir tantas outras coisas em pró do que eu sou hoje. Então apareceu esta propaganda, e eu percebi que aquela menina tocando flauta se perguntava as mesmas coisas que eu, e certamente não estava tão feliz quanto se estivesse tomando sorvete com as amigas. Mas, passou pela minha cabeça que o que eu queria eu ainda não alcancei, por isso não estou feliz, passou também que ainda vai demorar para chegar e na verdade eu nem sei bem se é isso mesmo que eu quero. Entretanto, eu estou no caminho certo. Muito provavelmente eu não estou feliz hoje porque ainda não cheguei aonde quero e porque outros caminhos para outros rumos aparecem a todo momento, a confusão sempre traz angústia.

3 comentários:

eu disse...

Nossa, é exatamente assim q eu me sinto.

É o que está escrito no meu braço: tudo o q resta de uma rosa morta é o nome. Podemos morrer a qualquer momento, e não podemos deixar que a unica coisa que reste de nós sejam aquelas fotos antigas e nostálgicas, e aquela lembranças de nossas qualidades comuns.

O tempo que estou perdendo de vida eu invisto no meu espólio cultural. Um dia, vamos olhar para trás e rir daqueles que riram da nossa reclusão, quando estiverem parados ali, aindo no mesmo lugar.

bjos filosóficos.

Silêncio de Chumbo disse...

olá!
muito bom seus pensamentos!!!

vou te linkar!

bjos

Morgana Medtler disse...

Que profundo! Muito tocante!
Bjos