sexta-feira, maio 25, 2007

A Gentleman

Final de semana passado fui a um festival. Estava muito cheio e tinha muitas pessoas conhecidas. Eu caminhava e era difícil de passar, sou muito baixinha, não costumo empurrar ninguém, tento ser educada mas é inútil. Então, alguém passou a minha frente e abriu o caminho para que eu passasse. Senti que nem tudo estava perdido, estava livre de ser queimada por cigarros, de ter meus pés cruelmente massacrados por coturnos e de meu decote ser esticado no meio destas esfregações constantes que são passar sozinha entre as pessoas. Pensei em quão boa era aquela criatura por facilitar isso para mim, e também em quanto ela deveria ser gentil com os que a rodeiam.

O show começou. Estava ficando muito quente. Infelizmente a terceira idade furou a fila tomando o lugar da meia idade, e furou de tal maneira que nem deixou minha adolescência terminar em paz. Muita fumaça de cigarro faz meus olhos arderem, o som muito alto faz com que meus ouvidos sofram, sem contar a coluna! Esta sim incomoda depois de algum tempo tentando ser gente em cima de um salto alto. Mas voltando a temepratura... Eu morria de calor, e Caxias é essencialmente fria, a cidade e as pessoas que lá vivem- salvo raras excessões- meus olhos lacrimejavam, minha coluna doía, eu tinha algodões nos ouvidos, e segurava dois casacos além da encharpe e da bolsa, isso sem contar que estava qualhado de gente e a chapelaria seria do outro lado do lugar, ou seja, uma pobre criatura moribunda não se arriscaria a ir até lá. Novamente aquele ser maravilhoso ofereceu-se para levar meu casaco à chapelaria. Foi a glória! Oh, Deus!Ainda há quem se importe com os outros! Mas como se fosse uma miragem no meio do deserto árido a criatura retorna! Diz-me: não tem chapelaria aqui, então fui correndo até o carro e deixei teus casacos no porta-malas, tudo bem? "Tudo bem?" Eu senti como se fosse uma princesa! Nunca dão atenção tamanha a alguém na terceira idade precoce como eu! Teria aquele homem bebido demais? O que será que ele jantou? Certamente eram apenas os hormônios dele olhando para o meu decote, eu pensei.

Os shows prosseguiram. Minha coluna doía demais. "Vou embora" eu pensei. Quando de repente, como se os céus tivessem mandado um anjo, uma cadeira!! Sim!! uma cadeira, e o melhor vocês nem acreditam: vazia!!!! Eu sai quase que correndo, mas como eu tinha dito sou baixinha e perto de mim tinha três homens com no mínimo 1,85 de altura! Aí sim eu senti que eu era menor ainda.Então retornei a minha insignificância porque estava realmente difícil de passar por ali. "Logo o show vai acabar, faltam só duas horas" mas não foi preciso que eu me consolasse. O mancebo chamou-me para sentar lá e assistir melhor o show. "Ah! está só querendo me levara para a casa dele" eu pensei. Embora pequena eu sei dizer que não quero o que eu não quero então fui me sentar.

Quando eu caía de sono, ele me levou para a MINHA casa. Levou-me até o portão (!!!!!!!!). E quando me despedi eu pensei: "que cavalheiro! mas se fosse ele uma dama e eu um homem, eu faria exatamente tudo o que ele fez por mim hoje".

Obs: não era um homem qualquer...eu não pego carona com estranho que puxa cadeiras e guarda casacos. Eu já estava acompanhada por ele, mas nenhuma companhia em minha vida fez-me pensar o que pensei.

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